sábado, 14 de julho de 2012

Confissões de uma tia...

O texto abaixo é um comentário recebido no ultimo post do blog "Amor, infinito amor...", de tão tocante e verdadeiro achei que merecia um destaque, pois embora sejam palavras de uma só pessoa, minha irmã/madrinha Rosângela , creio que ela expresse os sentimentos de todos nossos familiares que tem acompanhado nossa jornada, se não ao todo ao menos em partes. 


Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me! 

Mateus 14:30




"Que susto quando soube da gravidez da Drika, pois ela idolatrava Peter Pan, nunca almejou maturidade, casamento que sá maternidade, assim, o susto foi maior quando soube as condições de saúde que teria o Bebê.Certa tarde após o serviço passei pela casa da mãe, e ainda do outro lado da rua ela gritou 'a bolsa da Drika estourou', e sem atinar ao ocorrido pensei {e dai, troca de bolsa e pronto), momento estúpido, caiu a ficha e a correria começou, pois sabíamos o atendimento deveria ser rápido e especializado.Fomos leva-la ao hospital eu e minha mãe, o nervosismo aflorava a pele.
A família dos avós paternos não tardaram chegar tamanha a ansiedade pelo 1º neto, e preocupação com sua saúde.Vi a Drika 2 dias depois, e o bebê idem, e ainda assim cometi imensa gafe, ao tecer um comentário infeliz pensando que ela dormia no leito, (desculpa Drika, mas eu não estava preparada para vê-lo naquelas condições, nem nos meus piores pensamentos imaginei que havia juntado tanta água em sua cabecinha).Este foi o dia em que tive dimensão do problema, porém, passou o tempo as coisas se complicaram, vieram as 1ªs intervenções cirúrgicas - o 1º entupimento - a 1ª troca de válvula, e cada vez que apresentava algum problema na válvula sua cabecinha tornava a inchar, a aumentar a pressão interna e ele sofria.A Adriana preferiu vestir-se de 'Dama de Ferro', ou fingir que... e assim tentar minimizar o que já era caótico, ela fingia ser capaz de suportar e nós fingíamos junto, fingíamos não perceber seu imenso sofrimento, sua dor!Fingíamos para não vê-la sofrer por seu filho, por nós, por ela.Deste modo, passaram-se meses, a agonia amenizou quando Ângelo Gabriel pôde ter um mínimo de qualidade de vida, sem tantos aparatos médicos, sem tanta necessidade da home care.
Rafa e Drika ja podiam se dar ao luxo de passear (ainda que fosse para adentrar outra casa de um parente qualquer) e levar consigo o herdeiro querido, que é nossa alegria.
Infelizmente as idas e vindas às internações hospitalares se fizeram rotina infeliz em nossas vidas, embora almejássemos a saúde melhor que puder ter, amamos e aceitamos ele tal qual é, mas sofro com seu sofrimento, pois sou incapaz de lhe proporcionar o bem maior que é a saúde, me sinto insignificante, pequena e envergonhada diante da Drika e do Rafa, me esforço para demonstrar alegria, coragem e esperança, mas percebo em seus olhos a dor e decepção por falhar.
Inúmeras vezes engoli o choro, praticamente calei quando devia falar, justo eu tão falante e de voz até estridente...Quantas vezes deixei de acalentar ambos que sofrem a dor indescritível e imensurável, própria dos pais que amam e que morreriam por seus filhos, por ser tão fraca.
Sei que minha fraqueza os fere na alma, contudo me faltam palavras, diante de determinadas situações.
Não sinto pena de nenhum dos 3, pelo contrario sinto orgulho de tamanha força e coragem de lutar contra aquilo que as vezes parece impossível, invencível...
Me entristeço por tornar o fardo ainda mais pesado para ambos, quando não correspondo as suas expectativas e necessidades, e sou obrigada a confessar - não raras vezes praticamente perdi as esperanças.Porém, quando elevo meus pensamentos a Deus e percebo a força e vontade de viver que tem nosso 'Pequeno Guerreiro' me refaço e rapidamente renovo todas as expectativas e planos de vida que almejo para ele. 
Estas são as angustias que me cercam diariamente, mas gostaria de dizer a todos que vivem neste contexto que nós familiares sofremos por não corresponder suas expectativas e necessidades. 


Seremos mais fortes, se unidos. E ainda que choremos cada qual no próprio travesseiro, choraremos pela mesma graça, a vida é um dom divino, mesmo que uns sejam mais fortes, outros mais fracos, todos que portadores de alguma síndrome são missões que Deus pais nos confiou."

Postado no blog Meu Angelo em 13 de julho de 2012 22:31

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